Como é que uma necessidade tão básica como dormir depende tanto de uma necessidade tão complexa como estar com os pais?
Enquanto psicóloga não posso dissociar as duas ideias. Dormir parece-nos um acto simples, mas depende de vários factores. E aquele mais difícil de compreender, por não ser quantificável, é o tempo de qualidade que os bebés passam com os pais.
Para um bebé ser capaz de fechar os olhos e descansar durante longos períodos de tempo tem que se sentir seguro, tem que sentir que enquanto está de olhos fechados tudo o resto está assegurado, tem que sentir que quando acordar os pais vão lá estar para ele como sempre. Ou seja, a criança sabe que mesmo a dormir o ambiente está seguro, está confiante de que os pais estão por perto se precisar deles e que o ajudam se for preciso. Mas esta confiança é conquistada com o tempo e com consistência. É no dia-a-dia com os pais que o bebé aprende que eles o protegem e, acima de tudo, gostam dele sempre, mesmo quando não os vê ou quando está a dormir. O bebé aprende a confiar nos seus cuidadores quando existe coerência e consistência na relação, quando o alimentam quando tem fome, quando lhe dão banho, quando brincam com ele, quando o põe a dormir sempre que ele precisa, quando mostram que se dedicam e se preocupam com as suas necessidades.
Pode-nos parecer que são actos básicos que temos com os nossos filhos, mas são esses actos que os ensinam que gostamos deles! É o equilíbrio entre as tarefas diárias e o afecto que os ensina que nos preocupamos com o bem-estar deles. Nunca é demais dar colo e mimo, brincar, conversar, dar atenção. Os nossos filhos precisam de tempo de qualidade connosco, sejam eles bebés, em que pedem colo e abraços, sejam mais crescidos em que pedem que estejamos no chão a brincar aos comboios e às princesas.